Após anos de ataques cibernéticos devastadores contra alvos ucranianos, utilizando malwares de destruição (wiper) e outras táticas para causar caos, a Rússia parece estar ajustando sua estratégia. Segundo um alto funcionário da inteligência dos EUA, o país agora concentra seus esforços na ciberespionagem.
Dave Luber, diretor de segurança cibernética da Agência de Segurança Nacional (NSA), afirmou durante a conferência Predict, realizada pela Recorded Future em Washington, D.C., que o Kremlin está priorizando a coleta de informações para apoiar operações militares no campo de batalha. No início da guerra, os ciberataques russos focaram em derrubar a conectividade via satélite, sistemas de comunicação e provedores de internet da Ucrânia.
"O que mudou é que os russos estão retomando a espionagem", afirmou Luber, que assumiu o cargo na NSA em abril, após a aposentadoria de Rob Joyce. "Como posso espionar sistemas ucranianos para obter vantagem no campo de batalha?", questionou, descrevendo a mudança de abordagem.
Os comentários de Luber foram feitos pouco depois de dois hackers, ligados ao Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), terem sido condenados à revelia pela Ucrânia a 15 anos de prisão. Eles foram responsabilizados por milhares de ataques cibernéticos contra infraestruturas críticas e instituições governamentais. O grupo de espionagem cibernética russo, conhecido como Gamaredon ou Armageddon, permanece extremamente ativo, segundo especialistas em segurança cibernética.
O objetivo desses ataques, de acordo com o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), era "obter acesso a documentos eletrônicos e servidores contendo dados confidenciais do governo".
Em uma conversa com Dina Temple-Raston, apresentadora do podcast Click Here e correspondente sênior da Recorded Future News, Luber destacou que uma das principais formas de resistir aos ataques russos é intensificar o compartilhamento de informações entre o governo ucraniano e outros potenciais alvos.
"O poder das parcerias é uma das lições mais valiosas quando pensamos em apoiar algo como o conflito na Ucrânia", afirmou Luber. "Não existe uma solução única. Mas, sejam parcerias com o setor privado, governos ou parceiros internacionais, é nesse ponto que o verdadeiro poder da segurança cibernética se manifesta, pois permite ampliar a troca de informações e os resultados."
Via - TRM
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