Um ataque de ransomware ao grupo multinacional Stoli em agosto foi um dos fatores que levou duas subsidiárias norte-americanas da fabricante de vodka à falência, segundo o CEO da empresa, Chris Caldwell.
Em um processo judicial de falência no Texas, apresentado em 29 de novembro, Caldwell citou diversos fatores externos que agravaram os problemas financeiros da Stoli Group USA e da Kentucky Owl (KO), que enfrentam uma dívida de US$ 84 milhões. No entanto, um dos mais significativos foi o ataque de ransomware deste ano, que comprometeu o sistema de TI da empresa-mãe.
“Em agosto de 2024, a infraestrutura de TI do Stoli Group sofreu uma grave interrupção devido a uma violação de dados e um ataque de ransomware”, afirmou Caldwell no processo.
“O ataque causou sérios problemas operacionais em todas as empresas do grupo, incluindo a Stoli USA e a KO, pois o sistema de planejamento de recursos empresariais (ERP) foi desativado e a maioria dos processos internos (incluindo funções contábeis) teve que ser realizada manualmente.”
Caldwell afirmou que os sistemas não serão totalmente restaurados antes do primeiro trimestre de 2025.
O ataque também comprometeu a capacidade do Stoli Group de atender às exigências de pagamento da dívida feitas por seus credores. A empresa alegou que a invasão dificultou a apresentação de dados financeiros atualizados aos credores, que acusaram as subsidiárias de inadimplência.
A empresa-mãe não respondeu às perguntas sobre qual grupo criminoso foi responsável pelo ataque ou se algum resgate foi pago. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque.
Partes extensas do processo destacam os problemas contínuos do Stoli Group com o governo russo, que, segundo governos e especialistas em cibersegurança, tem historicamente exercido algum controle sobre operações de ransomware de alto nível.
Caldwell apontou que os problemas da empresa começaram com um decreto executivo de março de 2000, emitido pelo presidente russo Vladimir Putin, que buscava reintegrar a marca ao controle estatal após sua privatização nos anos 1990.
Desde o decreto, a empresa tem enfrentado desafios legais e regulatórios crescentes, tanto na Rússia quanto no exterior.
O fundador da empresa, Yuri Shefler, precisou fugir da Rússia devido a “acusações fabricadas”, segundo Caldwell, que acrescentou que o grupo tem sido “forçado a gastar dezenas de milhões de dólares nessa batalha judicial global contra as autoridades russas.”
Em julho, um governo local na Rússia classificou o Stoli Group e Shefler como “extremistas” devido ao apoio a refugiados ucranianos. Além disso, as duas últimas destilarias da empresa no país, avaliadas em cerca de US$ 100 milhões, foram confiscadas. A empresa mudou seu nome de Stolichnaya para Stoli em março de 2022.
A subsidiária norte-americana foi formada em 2013 e distribui todos os produtos da marca nos Estados Unidos. Além da vodka Stoli, a empresa possui outras marcas internacionais de bebidas alcoólicas.
O ataque de ransomware foi apenas um dos vários “eventos atípicos” que, segundo Caldwell, “colocaram grande pressão” na situação financeira da empresa. Outros fatores incluem a queda na demanda por bebidas alcoólicas após a pandemia de COVID-19 e a inflação.
O pedido de falência foi considerado “necessário para maximizar o valor em benefício de todos os credores.”
Ataques de ransomware continuam causando impactos financeiros significativos em várias empresas, levando ao fechamento de pelo menos uma faculdade nos EUA e prejudicando grandes companhias como Clorox, que enfrentou meses de atrasos na produção e perdas de milhões de dólares.
Em 2023, a Brunswick Corporation estimou um custo de até US$ 85 milhões devido a um ataque de ransomware, enquanto uma livraria canadense anunciou perdas de aproximadamente US$ 50 milhões após a invasão paralisar suas operações por semanas. Já a Applied Materials, fornecedora de tecnologia para a indústria de semicondutores, relatou perdas de US$ 250 milhões em um trimestre devido a um ataque em um de seus fornecedores.
Via - RM
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