A Apple supostamente removeu 25 serviços de VPN da versão russa da App Store, atendendo a uma solicitação do órgão regulador estatal de internet, Roskomnadzor.
Entre os serviços bloqueados estão aplicativos populares como NordVPN, Proton VPN, Red Shield VPN e Planet VPN, informou a Roskomnadzor à agência de notícias Interfax.
As VPNs são muito utilizadas na Rússia para permitir que os cidadãos acessem a internet sem censura governamental. O governo bloqueia o acesso a muitas redes sociais e meios de comunicação ocidentais, além de mídia de oposição local, usando endereços IP russos. As VPNs ajudam a mascarar a localização do usuário na web.
Diversos serviços, incluindo o Red Shield VPN e o LeVPN, confirmaram na última quinta-feira que seus aplicativos não estão mais disponíveis para usuários do iOS na Rússia e compartilharam uma cópia da carta recebida da Apple.
O motivo citado para a remoção foi a não conformidade com os requisitos legais locais, que se referem especificamente a conteúdos considerados ilegais na Rússia.
"A ação da Apple não é apenas uma hipocrisia e covardia fantásticas, mas um verdadeiro crime contra a liberdade de informação e a sociedade civil", disse a Red Shield VPN em um comunicado no X na semana passada, pedindo aos usuários russos que assinem uma petição para que a Apple reverta sua decisão.
"Nos últimos seis anos, as autoridades russas bloquearam milhares de nós da Red Shield VPN, mas não conseguiram impedir que os usuários russos os acessassem. A Apple, no entanto, fez esse trabalho de forma muito mais eficaz para eles", acrescentou a empresa.
Os últimos bloqueios marcam "um passo significativo nos esforços contínuos da Roskomnadzor para controlar o acesso e o conteúdo da internet no território russo", afirmou a LeVPN.
A empresa disse que entrou em contato com a Roskomnadzor para obter mais esclarecimentos e apresentou um recurso contra a decisão. Ela também começou a colaborar com ativistas de direitos humanos e outros provedores de VPN para "avaliar a situação de forma mais ampla".
A LeVPN alegou que a Roskomnadzor já fez várias tentativas de bloquear seus protocolos, mas não teve sucesso.
"Esse desenvolvimento recente destaca uma escalada significativa nas capacidades do Roskomnadzor, demonstrando sua crescente influência sobre grandes empresas de tecnologia como a Apple", disse a empresa.
Para contornar as restrições mais recentes, a LeVPN lançou um serviço que permite aos usuários se conectarem aos seus servidores usando software especializado e conexões VPN ofuscadas. A Red Shield VPN recomendou que os usuários alterassem as configurações de região ou país de seu ID Apple para recuperar o acesso ao serviço.
O Roskomnadzor realizou duas ondas de bloqueio em larga escala de serviços de VPN em agosto e setembro do ano passado, afetando serviços como WireGuard, OpenVPN e os protocolos IPSec.
A proibição de serviços de VPN é apenas uma das muitas formas pelas quais o Kremlin está tentando controlar e isolar a internet russa.
Desde março deste ano, o Roskomnadzor também pode proibir sites que informam os leitores sobre como acessar mídias e sites proibidos, bem como aqueles que defendem o acesso desimpedido à VPN.
A Rússia também está interrompendo as comunicações e bloqueando redes sociais durante protestos ou eventos importantes, como eleições. No início de janeiro, os aplicativos de mídia social Telegram e WhatsApp foram interrompidos em uma região remota da Rússia, Bashkortostan, onde centenas de pessoas protestaram contra a condenação de um ativista local.
Neste fim de semana, o WhatsApp teria enfrentado interrupções na república russa do Daguestão. As autoridades locais estavam supostamente restringindo o acesso ao aplicativo devido à recusa da plataforma em conter a disseminação de "chamadas para participar de ações extremistas", informou a agência de notícias estatal TASS na segunda-feira, citando uma fonte não identificada.
Os usuários no Daguestão tiveram dificuldades para acessar o WhatsApp mesmo com uma VPN, pois ela funcionava apenas em intervalos de 10 minutos e precisava ser reiniciada para retomar o acesso ao aplicativo, de acordo com a mídia russa Kommersant.
No início de julho, o Daguestão sofreu uma série de ataques coordenados a duas igrejas, duas sinagogas e um posto de controle da polícia. Pelo menos 22 pessoas foram mortas durante esses ataques.
Via - TRM
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